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A mostrar mensagens de abril, 2018

O DIA

Hoje é o dia, u ma comemoração, u ma memória A história de um acontecimento q ue alguém contou, ou se leu algures. Os da memória lembram-se muito bem,o s da história contada, acham piada ou u ma informação inútil. O que é pena. Nesse dia, que é hoje o dia, Pariu-se a criação do futuro,o futuro dos contemporâneos que agora d esvalorizam a data. Se não tivesse existido o dia, hoje, n ão andariam as flausinas livres, p elos passeios a dizerem tudo. Tudo, sem silenciamentos. A efeméride que se comemora, é do deslaçar dos laços e das mordaças, m as parece q ue não se anda a perceber. Muitos andam numa morrinha permanente e desleixada da consciência, Afastados desse dia substancial

CRAVOS, A MULHER QUE LÊ LIVROS, AS UTOPIAS

Voltei ao jardim, o mesmo, que é, ou era porque já foi, frequentado pela mulher que lia livros. Não a vi, é normal, ainda estamos a sair do inverno e a  esplanada está inoperacional, desmantelada. Neste paįs, num jardim sem uma esplanada minimamente operacional, ninguém lê livros no inverno. Fica um jardim sem condições. A tendência é para fazer mais sol (ele faz sempre a mesma quantidade, mas é um dizer), o calor vai aumentar e pode-se esperar que chova muito menos ou mesmo nada. O jardim poderá voltar a reunir condições para as pessoas que leem livros, incluindo a mulher que lia livros – e não se sabe se desistiu – espera-se que continue, o que seria uma perda considerável para a harmonia deste jardim. Equivoquei-me.  Dirigindo-me para a saída do jardim visto este ser contido por um muro que o separa do asfalto e dos prédios e ter uma porta de entrada e a mesma para a saída, vi-a. Estava a ler um livro, imersa, que nem deu por mim. Como poderia ter dado por mi

DESCUIDADOS DE DEUS - O DESPERTAR DA REVOLTA

Toda uma vida a imitá-los, a chamar a atenção, a pedir reconhecimento. Fãs incondicionais, queriam tanto ser iguais a eles, como eles. Tivessem os símios necessidade de um Deus mais próximo, o homem era o seu Deus. Mas não têm, porque são quase homens e reconhecem o mesmo Deus. O que não podem é perdoar, um perdão duplo aos homens e a Deus. Aos primeiros por não os reconhecerem como iguais, ao segundo por não lhes ter dado o pequeno pouco em falta para terem sido como os humanos, ainda assim falhos de perfeição. E nem um olhar de simpatia, só gozo, divertimento. Aquelas crianças que agora os macaqueiam do outro lado do vidro, imitam os pais, que já nem sequer os macaqueiam, ignoram-nos. Eles conformaram-se, sabem que nunca se sentarão na mesma mesa para conversar, nem confraternizar igualdades. Sabendo isso, deixaram de reagir, de olhar para o outro lado do muro transparente, de comunicar o impossível separados por uma espessura de vidro que não deixa passar nenhuma comunica

COMO ANDAM OS DIAS

12 de Abril de 2018 Começou um dia cinzento, breu, chuvoso, desagradável, mal-educado. Haverá outras partes do mundo onde faz calor e o céu está claro. Aqui não. Aqui as pessoas tentam proteger-se da intempérie. Fogem, correm, escondem-se em recantos onde fiquem abrigadas. Não estão bem, as pessoas. Para além de uma humidade forasteira, paira algo mais, não se sabe o quê, sente-se e não é bom. O tempo tem vindo a piorar e não se esperava isso. Devia ser ao contrário: desanuviar-se, preparando a entrada da primavera, que habitualmente traz de melhor, tudo de melhor   que o mundo tem para oferecer a si mesmo: cor, alegria, entusiamo, abundância. Mas não, está pifo. A continuar assim, as pessoas que já andam gastas, começam a assustar-se receando que lhes caia o mundo em cima. Ficam supersticiosas, desconfiadas, olham de viés. Como se pode alguém precatar da tempestade, quando ela se abate sem aviso, cobardemente, não por natureza sua, mas porque a natureza não

NOTICIAS DA MINHA ALDEIA DIA 11 DE ABRIL

1.Um homem muito poderoso, respondeu durante cinco horas perante uma comissão de políticos hábeis, contundentes, com perguntas bem preparadas, como uma criança inocente. O homem representou, nós já não podemos passar sem o brinquedo que ele inventou, desculpamos-lhe tudo. 2. outro homem muito poderoso, disse que as balas iam a caminho. Vão ou não, só se saberá quando for tarde para todos. Ele é muito perigoso porque ganhou essa habilidade enquanto os outros homens distraídos, não dando por isso, se entretinham a brincar com os seus brinquedos, alguns inventados pelo primeiro homem poderoso e amigos seus. 3. numa aldeia ainda mais minúscula que a dos episódios anteriores, onde há homens muito poderosos e outros muito alheados, crianças são descuidadas anos a fio. Todos o sabem, nenhum de todos faz nada. Dizem-se incapazes, uma palavra desanimada. 4. nessa aldeia tão ridiculamente mínima, os políticos democratas, continuam como antes a distribuir bênçãos e sorr

TODOS OS VERDES QUE EXISTEM - CRÓNICA DE SÃO MIGUEL

Um livro para uma viagem. Escolher. Da boa decisão depende muito o sucesso da viagem. Se o viajante vier a entediar-se, desligar-se por razões desconhecidas do sítio para onde foi, um livro bom é uma infusão de alheamento, uma substituição, resgate do tempo e do esforço despendidos para nada. Poesia, a companhia dos poetas. Dizem muito gastando poucas palavras. São a melhor das companhias, não passam o tempo a tagarelar, são contidos e suficientes, dão liberdade aos sentidos para serem genuínos na fruição de todos os detalhes. O resto do tempo é do silêncio precioso que nas vidas corrediças de hoje todos precisam. Um bem escasso. Os bons versos leem-se rapidamente e basta um segundo ou o que resta da vida de cada um para se remoer neles. Alguns versos exigem uma eternidade, que ninguém tem. Esses, devem-se para já guardar e levar depois, na última viagem, a derradeira. Há casos relatados em que os livros onde estão depositadas as palavras que o viajante t

DESCUIDADOS DE DEUS - PARA AUMENTAR A POLÉMICA, ENTRAM OS MACACOS

Enquanto o juiz se distraia no jardim com o cão da raça Airedale Terrier, apesar deste se chamar Emílio que não vem para o caso, não se sabe para onde foi Deus, o que não foi novidade. Ninguém o viu – a menos que disfarçado de homem – sair pelo seu pé do tribunal, assim e como pensando bem, ninguém o viu chegar.  Sendo segundo as suas palavras - que não se podem provar de terem sido ditas, por não haver registos sonoros do que se passa na sala -, um conceito, não ocupa espaço nem consome tempo, estando à vontade para ir para qualquer parte ou nenhuma que não só não se dá por isso e mesmo que se queira não se consegue encontrar uma pista sua,  ficando impossível para os homens encontrarem o que fisicamente não existe. É por Ele ser assim, uma ideia, que destrambelhados por o negarem ou por o confirmarem, ocuparam este tempo todo, que vai em milhares largos de anos, a fazer conjecturas,  teorizar, moldar figuras de barro, ciliciar os corpos até sangrar e sofrendo, matar o