As crianças passavam os dias na rua até que o chamamento estridente das criadas para o jantar, se desenvencilhasse do bruá dos putos no pátio, e fosse ouvido, com pena da brincadeira terminar. Guelas, caricas com a cara de jogadores famosos, pião, bola claro! Apanhada, cabra cega... as peças do puzzle do dia a encadear os sonhos da noite. Tempos de mudança. Os rapazes tinham mais liberdades que as raparigas, mas algumas começavam já a desnovelar uma vida confinada aos quartos e salas bafientas por onde acirandavam as mães e outras antiguidades. Tempos de convívios incómodos, para elas que se aventuravam nos primeiros deslumbramentos fora do universo bafiento, para eles cedência de espaço, galarós tímidos presumidos de à vontade. Os géneros acabaram por se fundir no grande pote da infância e quase todos recordam com nostalgia o tempo em que o tempo parou. O espaço do pátio que então parecia enorme e hoje não tem pretensões de grandeza, partilhava-se assim