Numa ausência total de luz, em trevas muito densas e feias, Faiscou um relampejo. Eu, Selma, mártir entre os homens, oferenda dos deuses e para vergonha de ambos, Lancei das alturas celestiais onde me encontro, Um míssil de flores luminosas, com um feitiço. Clareou-se o céu de todos os conflitos, numa chuva intensa de pétalas luminescentes. Irradiou luz e espalhou na terra sensações de bem-estar. Atónitos, desconcertados, sem antídoto contra os meus poderes de feiticeira boa, os homens desavindos depuseram as balas e as pedras. Alguns conseguiram chorar e não se sentiram mal por isso. Nessa bebedeira de emoções intensas, desataram aos abraços e aos beijos, escolheram pares aleatórios e dançaram - mesmo os coxos. As crianças fizeram as travessuras que lhes compete, sem necessidade de conceitos geo-políticos na sua cumplicidade de crianças: São ingénuas, não se enfrascam de rancores. Eu, Selma, a eterna virgem, a neonata e logo a neo-pós