Está um fim de dia exultante – para simplificar, satisfeito. A esplanada cumpre a função como local de encontro de pessoas que querem afrouxar. É uma mulher bonita, ainda jovem, com pequenos sinais de desleixo. Talvez não seja desleixo, pode ser um desprimor temporário. O mais pequeno dos pormenores é fundamental, e quase sempre determinante, há pessoas que se esquecem disso. Pelo desconforto forçado que imprime à sua linguagem corporal, sabemos que ela, nesse momento preciso, não se sente bonita nem interessante, e ela também o sabe, só que não autoriza essa sensação trancada no inconsciente a vir à tona. Pôr-se bonito é estimular a atenção do outro a descobrir o interessante, a acontecerem as duas coisas, ganha-se a lotaria. Mesmo com essas incertezas, esforça-se. Tenta subtilmente o contacto do corpo acompanhado das palavras, que não se revelam ao observador – só se percebe o do corpo – dada a distância entre as mesas que os separa. Quando fala com e