Conheço-o mas não sei o nome. São os nomes que me falham, os rostos não. Os nomes têm letras e são essas que me entontecem. São muitas, não as junto bem. Quando me abordam, os rostos, não sei o que dizer. A cabeça para, fico a observar, a ver no que vai dar. Abordam-me com simpatia, eu queria ser educado, mas não sai nada. Por vezes, desbloqueia-se um encadeado de letras, saem com uma velocidade inaudita, e digo-o, desanuvia-me. Mas o rosto que fiz o favor de lhe dar um nome, não gosta. Contrapõe com perguntas inconvenientes. “Quem é ele?”, “Como se chama?”, “Graus de parentesco?” Nesses momentos fico cansado, enervo-me, perco o controlo das letras, e para não ser inconveniente, olho, só olho, de olhos bem abertos, sem nada para dizer. Ainda ontem, deve ter sido ontem, estava a tratar de uns assuntos importantes com a minha mãe, na cozinha, coisas da morte dela e do funeral que não gostou porque teve pouca gente, estavam também uns amigos do Gás que entraram pelas esc