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AFORISMOS E PALPITES PARA 2017

5 de Janeiro Trabalha honestamente de sol a sol e pouco juntarás. Também não é bom para as costas.

AFORISMOS E PALPITES PARA 2017

4 de Janeiro O Amor é um pacto de resiliência e beijos

AFORISMOS E PALPITES PARA 2017

3 Janeiro Sorria, mesmo que não tenha dentes e assuste os outros.  Sorria muito, todos os dias.

UMA BIBLIOTECA EM SINTRA

- Bom dia, tenho alguns livros para oferecer à biblioteca. Estão num saco, no carro. - Nós não aceitamos livros. - Olhe que são bons livros. Praticamente todos são, eu só leio dos bons. - Já temos muitos. - Mesmo assim. Não aceitam livros numa biblioteca? - Não precisamos de mais livros. - Mas se calhar estes que vos quero oferecer, ainda não têm. É literatura juvenil. E alguns para adultos também. - Não temos quem os cuide. Vá à Junta, mas eles lá não devem aceitar. Tente. - Só por curiosidade: vem cá alguém requisitar livros para levar para casa, ou lê-los aqui? - Não temos ninguém, estou todo o dia sozinha. - e não a entristece, ver este sítio vazio? - já estou habituada. Passei vinte anos no atendimento, na Junta, desgastou-me muito. Aqui faço a minha renda e não tenho uma única reclamação. Gosto. - Um bom ano para si, minha senhora. - Para o senhor também, e que todos os seus desejos se realizem.

DESANIMADO

Está um dia desanimado. Não, sou eu e desculpo-me assim. Os dias não vestem estados de alma. Hoje falta-me uma certa pessoa, pelo menos o seu sorriso muito particular. Está um dia como está, pela ausência desse sorriso. Acabou de entrar na habitação definitiva da memória. Agora, só recordá-lo. O sorriso.

FINADOS

Hoje é dia de finados, dos que se lembram, dos que se esqueceram. Recordar alguém é bom, e trazer flores frescas. Visitar a sua campa sorrindo ou triste, ir um quase nada que seja. Hoje é o dia de todos os santos, porque depois de viverem uma vida na terra, os homens ganham santidade. E já que a vida é complexa e agitada, que eles tenham o seu dia, e que seja feriado, para não haver desculpa de não serem lembrados. Hoje é o dia que um dia será o nosso. Até lá vamos batendo de porta em porta a pedir guloseimas, pode ser que a fingir de crianças nunca nos finemos.

QUANDO OS LIVROS DESAPARECERAM

Esqueceu-se a imagem de uma folha de papel com palavras alinhavando frases. Sonhos acordados, poesia. Os homens deixaram de ler. Há mais de uma geração, duas gerações. Era cansativo, consumia-se tempo sem garantias de um bom desfecho. A vida não se toma de paixões com o que atrase a sua permanente urgência de apanhar o futuro, e os dois têm assuntos íntimos para resolver, adiados. Andam sempre na eminência não conseguida de apanharem os seus calcanhares e resolverem-se, e nunca se apanham. Há muitos anos que se esgotaram recursos da terra essenciais à vida dos homens, que na sua previdência natural, assistiram a isso como espectadores desinteressados. As florestas consumiram-se. Foi assim que deixou de haver papel, e livros. Nenhum dos dois factos – a falta deles - alteraram a vida das pessoas. Árvores e livros. A imagem aroveitou e substituiu a palavra escrita pensando-se que seria mais simples. A imagem diz mais coisas em modo concentrado, mas o que acon