O Avô gostava muito da sua prima e tanto a apreciava, que a tinha acolhido no seio da família, oferecendo-lhe um tecto-casa seguro para se proteger das intempéries de uma vida madrasta que a levou a ser mãe solteira de um filho, o Augustinho, rapaz franzino, pouco animado. Ele era visita frequente do pátio. Vinha com a avó, não a dele que não tinha, a do António, mulher de um coração tão generoso que conseguia convencer-se a si mesma que o mundo era de uma tonalidade perto do cor-de-rosa inofensivo. Enquanto isto - estas visitas aos netos, dois - o avô e a prima estariam não se sabe onde, cada um por si ou juntos, entretidos com alguma coisa ou não. Gostavam-se muito, ele era um filantropo, ela uma agradecida. O Augustinho como era de alguma forma fraco, dava-se ao aproveitamento e as crianças do prédio utilizavam-no impiedosamente. Instrumentalizavam-no se é correcto dizer-se – que ele se sentia isso muitas vezes é correctíssimo. Era o tempo, aquele, em que as